sexta-feira, 22 de julho de 2011

UMA VIDA DE PROBABILIDADES


Viver em busca da felicidade, esse é o chavão eterno do homem, que muitas vezes nem mede as consequências para atingi-lo. Daí ele se depara com os conflitos existenciais inerentes à própria formação humana. Vive-se uma existência de probabilidades, onde as paixões se confundem com os acertos e os induzem a permanecer nessa estrada de tentativas, complementada de erros e frustrações.

Torna-se imprescindível, uma postura equilibrada principalmente na tomada de decisões, pois os posicionamentos, muitas vezes, escapam à normalidade, ou seja, o senso de justiça, a imparcialidade. Como é difícil o homem transitar sem se deixar desviar pelas tentações alienatórias! De forma contumaz, sem perceber, subitamente, ele está totalmente mergulhado nessa avalanche destruidora, servindo de conforto, simplesmente, o fato óbvio dele não ser o único.

Ter uma visão ampla com uma consciência prática, observando todas as variantes possíveis, torna-se muito difícil, principalmente nessa enxurrada de supérfluos, de forma enlouquecedora, incentivada pela globalização diante das novas tecnologias.

Como fica o cidadão simples que depende dessas soluções e desses apoios? Está Cada vez mais difícil uma resposta coerente e esses resultados de probabilidades inconsequentes transmitem a impressão que vem de muito longe, desde as cavernas, tendo ainda que o acompanhar por um longo período.

É imprescindível continuar mantendo a crença em Deus que é o Grande Arquiteto do Universo, só ele ensinará o caminho da verdadeira iluminação, sem os ranços opacos da intolerância, do preconceito, da corrupção, da tirania, dos erros e principalmente da ignorância...

João Sávio Sampaio Saraiva é membro da ACL Academia Cabense de Letras e da AMLO Academia Maçônica de Letra de Olinda.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

SABER VIVER



Por Cora Coralina

Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura...
Enquanto durar.

Cora Coralina , pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, (Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985), é a grande poetisa do Estado de Goiás. Em 1903 já escrevia poemas sobre seu cotidiano, tendo criado, juntamente com duas amigas, em 1908, o jornal de poemas femininos "A Rosa". Em 1910, seu primeiro conto, "Tragédia na Roça", é publicado no "Anuário Histórico e Geográfico do Estado de Goiás", já com o pseudônimo de Cora Coralina. Em 1911 conhece o advogado divorciado Cantídio Tolentino Brêtas, com quem foge. Vai para Jaboticabal (SP), onde nascem seus seis filhos: Paraguaçu, Enéias, Cantídio, Jacintha, Ísis e Vicência. Seu marido a proíbe de integrar-se à Semana de Arte Moderna, a convite de Monteiro Lobato, em 1922. Em 1928 muda-se para São Paulo (SP). Em 1934, torna-se vendedora de livros da editora José Olimpio que, em 1965, lança seu primeiro livro, "O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais". Em 1976, é lançado "Meu Livro de Cordel", pela editora Cultura Goiana. Em 1980, Carlos Drummond de Andrade, como era de seu feitio, após ler alguns escritos da autora, manda-lhe uma carta elogiando seu trabalho, a qual, ao ser divulgada, desperta o interesse do público leitor e a faz ficar conhecida em todo o Brasil.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

MARÍLIA



CONTO: DOUGLAS MENEZES

AGOSTO DE 1979 – PERÍODO DE CHUMBO NO BRASIL.

Você não entendeu, Marília, quando eu quis explicar o fato. Quando eu falei sorridente que iria com eles, que iria com a gente, que iria com os estudantes. Hoje, Marília, o silêncio e esse olhar fixo na lâmpada reflete o pavor sedimentado na existência vazia. E os raios elétricos emitidos tornam-se vermelhos, a cor daquele sangue que empapou a pista molhada. Não, Marília, não foi só o mau presságio, foi a tendência ao fracasso, o medo enraizado na poça de sangue. E agora tudo caótico, desintegrado, a partir do momento em que você não entendeu e sorriu zombando. Sorriu o riso que me humilhou, que me deixou mudo por minutos e minutos e que graças a ele permaneço hoje, ainda, e como! Com a cabeça fora do corpo, flutuando, misturada às imagens inquietantes. Agora, apenas o plasma preenche os espaços. O plasma e os gritos horríveis: comunistas, comunistas! O sangue e os gritos, a cabeça e o corpo, elementos cáusticos que se entrelaçam, num perfeito emolduramento plástico. E não adiantou a comparação poética que eu fiz para lhe agradar. A massa compacta igual ao seu andar, firme e altivo. Você novamente sorriu. Sorriu o riso da vergonha para mim, irônico, carga cruel. E na ironia, a palavra que rasgou-me a alma: festivos. Mas havia um motivo justo, tentei explicar, tiravam nossos direitos conquistados com muita luta e sacrifício. Não adiantou. Você não deu importância. Nós não queríamos apanhar diante do povo. Por que falou isso, Marília? Há um equívoco, tentei clarear as coisas, talvez esteja com medo. Medo eu? Aí você entendeu e exasperou-se, sentiu-se ofendida pela insinuação, o orgulho atingido. Jogou-me na cara, então, o carro emprestado, o dinheiro que dava às vezes pra comprar material, comprar tinta, cola, papel, jogou-me na cara. Já sua figura esvaia-se de mim, lentamente, inflamável que escapa da mão e desaparece. Sua voz tentou consertar: a ofensa foi sua, eu não tenho medo de nada, mas não vou ser bucha de canhão pros outros. Eu calado. Marília, você não mais minha, irremediavelmente perdida. Nós dois no silêncio sem fim. Nós dois no silêncio sem fim. Nós dois no túnel escuro, lá fora, as coisas se clareando. Iniciou-se, enfim, o último momento. Foi como um aviso: suas mãos nos meus cabelos. A gente olhou a solidão ao lado, apenas o mato do campus como testemunha. Eu olhei profundamente em seus olhos. Ao olhos incendiaram-se e houve finalmente a voz de comando: queiram ou não sairemos às ruas. É um direito nosso! Meus olhos brilharam. Conheceriam nossa força, a força dos estudantes. Quase tudo preparado. Do campus à Conde da Boa Vista, o ponto máximo na Pracinha. Todo povo saberia dos nossos problemas. Mostraríamos a força da coesão. Brilhando ainda mais meus olhos, Marília. O desejo não era fogo brando. Beijei-lhe como pude, onde pude. Você, eu sabia, já naquele momento se despedia. Fim de tarde, e sua mão se fez encantada, nervosa e leve, que percorreu meu corpo, um frio medonho sob a roupa. A massa compacta partia aos gritos. As mãos todas unidas se fizeram encantadas, seguravam faixas e cartazes, movimento brusco e leve. Milhares de cabeça, um só pensamento. Já a Caxangá. Marcha penosa, necessária, porém. A população um pouco assustada. Gritos e discursos sem fim. Alguém gritou: fala, Paulo! De momento a momento a gente parava e um companheiro lançava as imprecações. Depois a marcha era reiniciada, e a uma certo tempo: fala, Paulo, agora! Eu louco só pronunciei seu nome, completamente alucinado. Só um: Marília. Voz cortada, sufocada. O calor do corpo, o calor total. Você na entrega e na posse, nem parecia ser a última vez. Você amando, Marília, quase aos gritos, capaz de alguém ouvir. Você gritando no quase êxtase. Ei gritando, nós todos gritando no quase êxtase à entrada da Conde da Boa Vista. Partíamos para uma guerra, sem violência, esperávamos. No entanto, a proibição. Não devíamos sair às ruas, ordem expressa. Reuniões, revolta, explosão. A gente continuaria, de qualquer jeito: não estragariam nossa festa. Então, sempre pra frente, caminhando. Uma explosão, um incêndio, algo infernal. Uma loucura, as roupas voando, ganhando vida. Assim a gente ficando como nasceu, embrulhados, rolando na grama, lado a outro, barco sem rumo, já você corpo e alma abertos. Uma explosão, estouro de boiada, barco sem rumo. Perto da Sete de Setembro o batalhão de choque. Tempo não houve pra nada. Na correria, o choque, porradas de todos os lados, depredávamos coisas, numa vingança inútil. Quanto mais quebrávamos o que aparecia pela frente, mais pancadas levávamos. Então, Marília, veio a última força, o desequilíbrio final, o gemido derradeiro, de coração, sangue, nervos e ossos, tudo descompassado. Você soltou um gemido agudo. Caí para o lado, atordoado, semimorto. Você desfalecida, semimorta, o rosto de encontro à grama enxuta. Cai para um lado, repito, atordoado, semimorto, uma dor na nuca. Ao olhos embaçados, vendo os colegas apanhando. Um medo repentino, como um doido corri. Numa esquina eu vi Marcos, eu vi Marcos e o sangue e ouvi mais um tiro. Por quê? Táxi, Táxi! Ofensa terrível. Quisera estar com eles, com meus colegas, sofrer o que sofreram. Nem sequer ouvi as reclamações dos parentes, os aperreios de minha mãe. Ao olhos parados, tristes, acovardados. Não falar nunca mais, mudez só quebrada pelo barulho dos sapos. Nunca mais, Marília, ver você de olhar claro, de sorriso meigo. Nunca mais que eu me interesse por nada, porque eu fugi com medo. Fugi de você, levantei-me e saí sem olhar pra trás. Você, agora, morta pra sempre, como Marcos naquela maca, servindo de bandeira, de estímulo ao histerismo. A vista queimando, fixando-se na lâmpada acesa do quarto, relembrando cenas inquietantes. Tão moço eu, Marília, e já com duas grandes derrotas na vida.

Douglas Menezes é membro da Academia Cabense de Letras.





segunda-feira, 20 de junho de 2011

CARISMA


MÚSICA: DOUGLAS MENEZES – JORGE QUEIROZ

Essa morena enfeitada de açucena

Que debocha e não tem pena

Do sofrê que chora triste.

Essa morena cheia de dengo menina

Só inspira rima rica

E o amor que não existe.

O vento passa tira palha do coqueiro

Faz revolta em seu cabelo

Faz amor no corpo dela.

Quem dera um dia passear no céu azul

Com a morena enfeitada

Sobre o mar de Gaibu.

Eu vejo o dia clareando com preguiça,

Se espreguiça a morena vendo vida a cismar.

Quem dera um dia me encantar num passarinho

Bater asas ao seu lado

E no mar fazer meu ninho.


Canção composta em 1992.

Douglas Menezes é membro da Academia Cabense de letras. 




terça-feira, 24 de maio de 2011

THEO SILVA NO SEXTA DE LETRAS


Poeta cabense Theo Silva


A Academia Cabense de Letras prossegue com o Projeto SEXTA DE LETRAS, dia 3 de junho, às 19 horas, na Câmara de Vereadores do Cabo. Na primeira sexta-feira do mês de junho realizará reunião aberta ao público, com palestra e debate sobre a Obra e a vida de Theo Silva, poeta cabense, tragicamente desaparecido em 1950.

Na noite do dia 3 de junho de 2011 a Academia Cabense de Letras inicia o resgate da obra de um de seus maiores poetas, THEO SILVA, que era também músico, seresteiro e encantava as ruas da cidade nas décadas de vinte, trinta e quarenta, em noites boêmias regadas a poesia e música de qualidade.

THEO SILVA fazia, na cidade do Cabo, ainda na década de 20, uma poesia que estava sendo lançada na Semana de Arte Moderna, em São Paulo, por grandes mestres da poesia brasileira. Lembrando, claro, que as poesias de THEO se revestem de um valor especial pelo fato de não haver meios de comunicação que possibilitasse a ele acompanhar o desenrolar do Movimento Literário que eclodia em São Paulo. A sua poesia brotava de sua natural inclinação pela quebra das regras conservadoras que norteavam a poesia. Foi um poeta além de seu tempo e de seu espaço geográfico. THEO SILVA foi músico integrante da Filarmônica XV de Novembro Cabense entre os anos de 1925 e 1935.

O evento acontece no dia 3 de junho, às 19 horas, na Câmara de Vereadores do Cabo de Santo Agostinho, com apresentação dos acadêmicos Ivan Marinho e Antonino Oliveira Júnior e a participação dos demais membros. Na oportunidade, a Academia homenageia THEO SILVA, que é um de seus Patronos, com a presença de seu filho Theo Silva Filho e familiares.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O CONFRADE JOAQUIM NABUCO



Trechos do discurso pronunciado por Joaquim Nabuco na Sessão inaugural da Academia Brasileira de Letras, em 20 de julho de 1897, na qualidade de Secretário Geral.

Não há em nosso grêmio omissão irreparável; a morte encarrega-se de abrir nossa porta com intervalos mais curtos do que o gênio ou o talento toma para produzir qualquer obra de valor. Nós, os primeiros, seremos os únicos acadêmicos que não tiveram mérito em sê-lo, quase todos entramos por indicação singular, poucos foram eleitos pela Academia ainda incompleta, e nessas escolhas cada um de nós como que teve em vista corrigir a sua elevação isolada, completar a distinção que recebera; só agora em diante, depois que a Academia existir, depois de termos uma regra, tradições, emulação, e em torno de nós o interesse, a fiscalização da opinião, a consagração do sucesso, é que a escolha poderá parecer um plebiscito literário. Nós de fato constituímos apenas um primeiro eleitorado.
As Academias, como tantas outras coisas, precisam de antiguidade. Uma Academia nova é como uma religião sem mistérios: falta-lhe solenidade. A nossa principal função não poderá ser preenchida senão muito tempo depois de nós, na terceira ou quarta dinastia dos nossos sucessores. Não tendo antiguidade, tivemos que imitá-la, e escolhemos os nossos antepassados.
 Escolhemo-los por motivo, cada um de nós, pessoal, sem querermos, eu acredito, significar que o patrono da sua Cadeira fosse o maior vulto das nossas letras. É a responsabilidade do escritor, a consciência dos seus deveres para com sua inteligência, o dever superior da perfeição, o desprezo da reputação pela obra.
Eu pela minha parte não sei que ópera não daria por uma só frase de Mozart ou de Schumann; trocaria qualquer livro por uma dessas palavras luminosas que brilham eternamente no espírito como estrelas de primeira grandeza... A obra de quase todos os grandes escritores resume-se em algumas páginas; ser um grande escritor é ter uma nota sua distinta, e uma nota ouve-se logo; de fato, ele não pode senão repeti-la.”

(Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo)


segunda-feira, 2 de maio de 2011

A FLIGUARA FOI UM SUCESSO


I FLIGUARA mostrou aos alunos da rede pública universo da cultura

Estudantes estiveram na Primeira Feira Literária dos Guararapes, no Mirante dos Montes Guararapes

Por quatro dias Jaboatão dos Guararapes experimentou ser a cidade da literatura em Pernambuco. Iniciada dia 28, encerrou do dia primeiro de maio a Fliguara – Feira Literária dos Guararapes, em dua primeira edição.

Montada no mirante do exército, nos Montes Guararapes, a Feira não se limitou aos stands de vendas de livros. Quem foi à Fliguara – especialmente alunos das redes públicas estadual e municipal –, pode bater papo com autores, participar de oficinas de contos, crônicas e poesias, ouvir palestras e ter um contato mais direto com a cultura, por meio de shows, apresentações e brincadeiras promovidos no local.

A feira, promovida pela Prefeitura Municipal de Jaboatão e Andelivros, foi aberta solenemente dia 28, com a presença da secretária de Desenvolvimento Social, Mirtes Cordeiro, Secretário de Executivo de Cultura e Eventos, Ivan Lima Filho, e Secretária Executiva de Educação, Edilene Soares. Na mesa de honra também o Dr. José Luiz de Almeida Melo, que dissertou sobre o poeta Benedito Tavares da Cunha Melo, cujo centenário de nascimento é comemorado este ano e homenageado da Fliguara; Celinha Santos, Gerente de Cultura, Nildo Barbosa, coordenador da Fliguara, Cobra Corderlista, presidente do Conselho de Cultura e Natanael Lima, Curador da Fliguara.

Após a solenidade, o veterano poeta Chico Pedrosa apresentou um recital de poesia matuta.

Mesmo dentro das festividades da Festa da Pitomba, Mirtes Figueirôa ressalta a independência da Fliguara: “Vamos consolidar como um grande momento da literatura do Estado Pernambuco”

Já Ivan Lima avaliou a Fliguara como um legado que é passado para a população: “É uma parte da cultura de Jaboatão que estava adormecida e que o evento permitiu que ela pudesse ser revivida.



quarta-feira, 6 de abril de 2011

JABOATÃO TERÁ A SUA FEIRA LITERÁRIA

           Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes - Jaboatão dos Guararapes / PE



Jaboatão dos Guararapes anuncia a realização da I Feira Literária de Jaboatão dos Guararapes, FLIGUARA. Será realizada no período de 28/04 à 01/05, no Parque Histórico Nacional dos Guararapes. A referida Feira fará parte da extensa programação da Festa Cultural da Pitomba de 2011. Dentre as novidades programadas para Feira Literária - Fliguara teremos: Oficinas (Poesia, Conto e Crônica), paletras, mesa redonda, bate papo literário, recitais, exposição e feira de livros das principais editoras do estado. Estão sendo contactados vários escritores que farão parte da programação da Fliguara, entre eles, Ariano Suassuna, Raimundo Carrero, Juareiz Correya, Douglas Menezes, Miró, Antonio Campos, Marcus Accioly, Jessié Quirino, entre outros. Várias temáticas serão abordadas, algumas já podemos adiantar como o centenário de nascimento do poeta Benedito da Cunha Melo, arte e cultura para todos, a poesia pernambucana, a importância do Conselho de Cultura e a discussão sobre a fundação da Academia Jaboatanense de Letras. A Produção Executiva da Fliguara será da Secretaria de Desenvolvimento Social/Bagaço, a Coordenação ficará a cargo da Secretaria Executiva de Cultura e Eventos e tendo como Curadores o poeta Natanael Lima Jr, Prof. Nildo Barbosa e a Diretora de Cultura Celinha Varejão. Em breve comunicaremos a todos a programação definitiva da Fliguara/2011.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

ACL VISITA FAMÍLIA DO POETA THEO SILVA


                        Iede, neta de Theo Silva, ladeada por Theo Filho e Frederico Menezes



              Theo, filho do poeta THEO SILVA 

Frederico Menezes, Jairo Lima e Antonino Oliveira Júnior, membros da Academia Cabense de Letras, visitaram, neste sábado, 2 de abril, a família do grande poeta Theo Silva, um doa patronoa da Academia. No bairro de Jardim São Paulo, o grupo foi recebido pela família de Theo Silva Filho, que colocou-se à disposição da Academia no que for preciso para que se concretize o resgate de importantes figuras do universo literário do Cabo de Santo Agostinho.

No mês de maio, a Academia Cabense de Letras deve homenagear o THEO SILVA, que é um dos seus Patronos, dentro do Projeto Sexta de Letras na sua versão 2011, que acontece na Câmara de Vereadores, sempre na primeira sexta-feira de cada mês.

O encontro aconteceu na residência de Theo Filho, com toda a família reunida, por toda a manhã do sábado. No final, a família cedeu alguns documentos do poeta Theo Silva e fotos, que serão usados no livro sobre a Obra do poeta, a ser editado e lançado pela Academia Cabense de Letras.

Além de confirmarem presença no dia da homenagem a THEO SILVA, Theo Filho e familiares deixaram claro a intenção de retribuirem a visita dos acadêmicos, inclusive, para conhecerem a Praça que leva o nome do grande poeta THEO SILVA, que faleceu aos 42 anos de idade, em acidente de trem, na cidade de Carpina.

quinta-feira, 31 de março de 2011

UM CANTO EM SURDINA



Gabriel Dourado

Cidade de minha infância,
Dos meus sonhos de rapaz,
Dos meus primeiros amores
-dize-me agora,
Aonde vais?

Cidade quase sem ruas,
Apertadinhas demais,
Cidade das boemias,
Dos verdes canaviais
(como aquelas...nunca mais!)

Terra do meu romantismo,
Dos engenhos patriarcais,
Do São João de seu Zumba,
Das loas de Inácio Pais,
Das glosas de Mergulhão,
Chico Taboca e Caju,
De seu “Vigário sem crôa”,
Dos coqueiros de Gaibu.

Cidade das serenatas,
Das cantigas ao luar,
Cidade de tanta história
Sem nenhuma prá contar...

Cidade da minha infância,
Dos verdes canaviais
-Minha cidade querida,
Dize-me agora,
Aonde vais?

Gabriel Dourado nasceu na Cidade do Cabo. Era formado em Odontologia, foi casado e pai de cinco filhos. Teve intensa vida intelectual e foi um dos fundadores do Grêmio Literário Cabense, entidade que marcou época na cidade e, pode-se dizer, foi o embrião da Academia Cabense de Letras. Escreveu poemas e sonetos importantes e teve em UM CANTO EM SURDINA o seu mais famoso trabalho literário. Como das outras vezes, estamos oferecendo aos nossos leitores a oportunidade de conhecer de perto um dos grandes poetas e intelectuais do passado de nossa cidade.

terça-feira, 15 de março de 2011

UM CORPO QUE CAI, UMA ALMA QUE SOBE

Antonino Oliveira Júnior*

Foi uma mistura de surpresa e tristeza. A notícia me foi dada pelas dez horas da manhã, por Chibata, funcionário da Delegacia de Polícia: Padre Inocêncio, da paróquia de São José Operário, estava morto. Na mesma hora minha mente voltou a exibir sua participação, um ano atrás, na Páscoa Cristã realizada no Cabo de Santo Agostinho, que reuniu os três mais importantes segmentos do cristianismo, ou seja, católicos, evangélicos e espíritas. Calado, de jeito tímido, foi parceiro e integrante de primeiro momento do Movimento.

Talvez não tivesse a eloqüência da oratória de Padre Ramos, do Padre Josivaldo, de um Frederico Menezes e do Pastor Erivaldo Alves, mas, de maneira simples, humilde e com atitudes, apoiou e fortaleceu o Movimento que se desenhava na cidade. Sua morte representará, sem dúvida, uma lacuna, jamais uma ausência. Seu pouco tempo entre nós foi o suficiente para enxergarmos nele um homem de Deus, comprometido com o Evangelho e praticante de uma vida despojada, como Jesus nos ensina.

Sua partida prematura enche a todos de tristeza, mas, também, de certezas. Certezas que nos afirmam que vale a pena lutar por um Jesus vivo na prática de vida; certezas que nos afirmam que a grandeza interior advém de uma vida simples, quase anônima; certezas que nos revelam a força do homem de fala mansa e olhar, às vezes, distante de seu momento; certezas que nos afirmam que, neste momento de dor, há um corpo que cai e uma alma que sobe, para interceder pelos movimentos que lutam por um Jesus Cristo de todos.

*Antonino Oliveira Júnior é membro da Igreja Batista da Cohab, coordenador do Centro de Estudos e Divulgação do Evangelho e integrante do Movimento Cristão Ecumênico.

quinta-feira, 10 de março de 2011

MAIS QUE PAPANGUS, UM AUTÊNTICO CARNAVAL DE PERNAMBUCO

Por Antonino Júnior

Fui a Bezerros no domingo, dia 6 de março, para ver, mais uma vez, o desfile dos Papangus. A exemplo do ano passado, lá encontrei mais que grupos de Papangus, mas, um foco de resistência cultural diante da ofensiva contra o carnaval de raiz, que se disfarça de Carnaval multi-cultural.

Em Bezerros tive contato com o carnaval de orquestras no chão, do Maracatu, do Caboclinhos, do samba, da Troça irreverente, de muita brincadeira saudável, como deve ser o carnaval de Pernambuco. Bezerros ainda produz um carnaval cuja estrela é o folião. E é o carnaval do frevo-de-rua rasgado pelos metais, da batucada de samba que nos arrasta, do maracatu que nos remete a uma viagem histórica. Em Bezerros vi um carnaval que desmente os inimigos do frevo, que vivem viciando a juventude em coisas de má qualidade. Vi jovens, meninas e meninos, alegres, bonitos, fantasiados ou de corpo pintado, numa participação que parecia querer gritar ao mundo: “Se nos derem este carnaval, nós vamos brincar e vamos gostar”.

Não consigo entender como se apelida de Carnaval multi-cultural um evento com Odair José, Joelma e Chimbinha, Marina Lima, etc., por mais que respeitemos a todos como artistas e reconheçamos o valor de cada um. Ao carnaval de Recife bastava, com certeza, as orquestras de Frevo, os Blocos, as troças, maracatus, afoxés, caboclinhos, nossos cantores e os de fora que gostam e cantam carnaval (Fafá de Belém, Beth Carvalho, etc.) e o resto o povo faz.

Sei que os “de plantão” vão jogar um trem de críticas ao meu pensamento, mas é assim que vejo o carnaval de Pernambuco. Multi-cultural, sim, porque agrega e congrega o frevo, o samba, o maracatu, o afoxé, o caboclinhos, etc., jamais essa mistura que descaracteriza nosso carnaval. Sem preconceitos contra a arte e os artistas, mas, a favor da preservação do carnaval de Pernambuco como bem cultural. No mais, a cidade estava belíssima, bem iluminada e os pólos lotados de foliões de todas as idades.

Voltando a Bezerros, ali encontrei, além do carnaval produzido e brincado pelo povo, uma cidade preparada para o carnaval, com ruas e casas enfeitadas, um povo receptivo, com um enorme sorriso estampado nas faces, uma cidade, enfim, no clima do carnaval, preparada para brincar.

Aqui, na querida Cabo de Santo Agostinho, terra que um dia Pinzón pisou, uma cidade escura, sem enfeites, sem folia, quase não nos deixou saber que era carnaval, com exceção, claro, das nossas pobres e bravas agremiações que, ainda que paupérrimas, conseguem romper a barreira dos descasos e tomam as ruas da cidade, coitadas, numa alegria triste, que mais causa admiração pela pobreza e desarrumação, do que pela beleza do desfile. Destaque mesmo para o abuso dos motoqueiros, para quem não existem normas e nem lei. Tudo podem e tudo fazem.

Em tempo: discordo de um amigo que falou que o carnaval do Cabo de Santo Agostinho agoniza. Morreu mesmo. Na verdade, “descansou”, vítima de uma doença que teve início há mais de vinte anos e se agravou nos últimos sete anos.


*Antonino Oliveira Júnior é da Academia Cabense de Letras, autor do Estatuto do Folião, do Frevo-de-Rua Centenário do Frevo, foi um dos diretores e desfilante da Escola de Samba D.Pedro I, ajudou a fundar e desfilou, na década de 70, na Escola de
Samba Boi Kagado, do GRECUEC) fundador do Bloco Anárquico Deixa Chiar (1983), do Bloco Infantil Pinto da Madrugada (1989), desfilou vários anos no Lira da Mocidade e que, em 1984, puxou o carnaval da cidade, de dentro das sedes sociais para a rua e instituiu a eleição direta para Rei e Rainha do carnaval. Enfim, um cara que gosta de carnaval. Só.

sexta-feira, 4 de março de 2011

terça-feira, 1 de março de 2011

LIRA DA MOCIDADE RESGATA AUTÊNTICOS CARNAVAIS


Antonino Oliveira Júnior
(Crônica publicada no Jornal A VOZ - 1993

Lá vem o Lira da Mocidade, e, com ele, o os pierrôs e colombinas, figuras há tanto tempo afastadas de nosso carnaval, que não têm, sequer, as suas fantasias reconhecidas pela nova geração, a ponto de serem chamadas de palhaços e bailarinas.

Como se não bastassem a alegria, a organização e o visual apresentados pelo Lira, iniciou-se, neste carnaval, um processo que resgata os valores dos carnavais de máscaras e fantasias. Um carnaval poético, romântico e sentimental, onde cada mascarada era disputada pelo pierrô de rosto coberto.

Como se não bastassem as lindas garotas e o bom gosto na decoração de seus carros alegóricos, o Lira resgata o desfile da elegâmcia, dos braços abertos, do sorriso na face e do convite permanente para um amor de três dias. A multidão chegava a ficar atônita, não sabendo ao certo o que era melhor para ela: acompanhar o Clube fazendo o passo ou parar e admirar aquela máquina do tempo, que trouxe para a geração dos computadores o lirismo dos carnavais de nossos pais e de nossos avós.

E a juventude "se ligou! na mensagem do Lira, "sacou" o que ele queria dizer e viu que o belo não tem idade, que o jovem ficaria bonito numa fantasia, que a gatinha ficaria mais mimosa vestida de colombina, que o gato estaria um charme vestido de pierrô.

E que gostosa a paquera dos fantasiados, tímidos foliões, que, sob a máscara, transformam-se em galantes conquistadores. Foram dus horas de desfile no domingo e mais duas na terça-feira, o que foi muito pouco, como pouco é um carnaval de três dias, diz o autêntico folião. Se no domingo, o desfile do Lira foi um sucesso pelo impacto causado, na terça foi um delírio, com o povão curtindo cada passada de seus integrantes, com os fantasiados e mascarados com um pique de quem estava apenas iniciando o carnaval (nem parecia o 3º dia).

Terminado o desfile, entreolhavam-se, como quem pergunta: "Por que parou?" "Parou por quê?" Era a hora de recolher. O estandarte baixava lentamente, os afagos carinhosos entre os mascarados demonstravam uma vontade imensa de continuar. O povo aplaudindo e cantando parecia querer parar o tempo...mas era terça-feira...

"...e a cidade adormecia / ficava a sonhar / ao som da triste melodia..."

*Antonino Oliveira Júnior é da Academia Cabense de Letras. Antonino Oliveira Júnior
(Crônica publicada no Jornal A VOZ - 1993

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

ESTATUTO DO FOLIÃO


Antonino Oliveira Júnior*

Art. 1 - Fica decretado, que durante todo o carnaval não haverá lugar para a tristeza e que a alegria deverá reinar na cidade.

Art. 2 – Que ao folião será dado o direito de extravasar sua alegria ao som do maracatu, do caboclinho, do afoxé, do samba e, principalmente, do frevo.

Art. 3 - Fica terminantemente proibida qualquer manifestação de violência, garantindo-se ao folião o direito de brincar em segurança.

Art. 4 - Que será respeitado o espaço do folião infantil, assegurando-se, dessa forma, o futuro do carnaval.

Art. 5 - Que Pierrôs e Colombinas poderão, enfim, se amar sem lágrimas e sem barreiras.

Art. 6 - Que durante o carnaval a cidade estará colorida e iluminada, para deleite dos foliões.

Art. 7 - Que o rei e a rainha do Carnaval serão parceiros do povo na alegria e no prazer da folia.

Art. 8 - Que a quarta-feira de cinzas não será o fim, mas o início da pausa entre um carnaval e outro.

Art. 9 - Que as ruas, praças, becos e ladeiras da cidade serão territórios livres e democráticos, para que sejam ocupados, de forma igual, por Troças, Blocos, Caboclinhos, Maracatus, enfim, por foliões de todas as raças e credos, de qualquer naturalidade e nacionalidade.

Art. 10 - Que o povo seja, definitivamente, dono dos passos e danças que executar; que amanheça na folia e que, exausto, possa adormecer, embalado por um Frevo-de-Bloco cantado à distância.

*Antonino Oliveira Júnior é membro da Academia Cabense de Letras

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

EM BUSCA DO CÉU NA TERRA



DOUGLAS MENEZES.

A vida do homem é tentar negar a morte. Desde que foi posto no mundo, ele busca a eternidade como uma forma de prolongar a existência material. E ser eterno não tem nada a ver com espiritualidade, pelo menos demonstra a prática humana através dos séculos. Não estamos dizendo nenhuma novidade, mas refletindo em algo que nos parece ser um comportamento típico dos mortais. Um amigo, professor de Biologia, afirma sempre que o ser humano é tão apegado à vida material, que tenta inventar outra. Ironia à parte, não deixa de ser uma brincadeira com um certo fundo de seriedade.

Esse nosso amigo recorre humoradamente às ilustrações religiosas, tanto católicas como evangélicas, sempre mostrando em seus quadros ambientes edênicos, paisagens bonitas, ecologicamente corretas, paraísos terrestres simbolizando o céu. Diz o mestre. Diante de um quadro religioso com uma família reunida, pessoas de aspecto feliz: só falta aí uma caipirosca para o quadro ficar completo.

Como é interessante observar o apego material das pessoas, mesmo aqueles que muitas vezes se apresentam como líderes religiosos. Já vimos nos para-brisas de diversos carros: foi Jesus quem me deu. Apesar do risco da financeira tomar o presente, caso ele não seja pago em tempo hábil.

O que dizer, então, do instinto de sobrevivência, ação puramente mecânica, ao sermos ameaçados da eliminação física? E os projetos para o futuro, às vezes atravessando décadas? São reflexões simplórias, mas que talvez mereçam um pensar mais profundo.

No entanto, essa visão da qual comungamos em relação ao homem não se reveste apenas numa concepção pessimista. Pelo contrário, carrega em si, a valorização da criatura enquanto ser vivente aqui na terra. Abstraindo-se, lógico, as ambições desmedidas, a vulgarização do material como filosofia de vida e o egoísmo estabelecido em forma de opressão, de domínio.

Para nós, cheira a hipocrisia abdicar do conforto material, do viver bem. Da tranquilidade de uma existência financeira equilibrada, desde que isso não extrapole para a ganância que desumaniza os seres.

Se existe um céu lá no infinito (ou não), por que não tentarmos trazê-lo para a Terra, e fazermos esse paraíso aqui mesmo, concebendo um mundo mais bem dividido, onde o fosso entre as pessoas ricas e pobres, fosse sensivelmente diminuído, e assim, quem sabe, a angústia de só ter, se transformasse na alegria perene de também ser.

Domingo cinzento, 30 de janeiro de 2011.
Douglas Menezes é membro da Academia Cabense de Letras
 

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A BANDA QUE PASSA. A BANDA QUE É GRAÇA



Por DOUGLAS MENEZES - 1985

O menino observa, escuta o som que começa a ficar nítido. Tem os olhos acesos o menino, brilham, percebendo a chegada de um prazer esperado com ânsia. Agora, a música totalmente ouvida, bonita a melodia, mesmo sem a presença ainda visível de quem toca. Não vacila, o garoto, em expressar um sorriso ingênuo, sábio, porém. Aquele som ritmado, ele sabe, coeso, acompanhá-lo irá para sempre, vida afora, gerações vindouras. Sabe, também, o menino, que seus pais, seus avós, da mesma forma que ele, também se deslumbraram com a sua banda, com a banda da sua cidade. Carregará a marca daqui pra frente: símbolo cultural do lugar onde ele nasceu.

A sensibilidade à flor da pele, pois a banda passa. Bate palmas o garoto, em meio à multidão. Nada mais a enxergar, a não ser o som de sua orquestra predileta. A sua orquestra, segunda melhor do Brasil, como ele, lentamente crescendo, sacrifício dos artistas humildes, pobres, ricos, no entanto, de amor à sua terra, à sua música.

A banda que ganhou as ruas, que faz o menino correr entre as pernas dos adultos para alcança-la. Não quer perder momento algum do concerto ambulante. Também o povo acompanha. É a banda da cidade de Santo Agostinho, de nome pouco charmoso, mas que é graça, mas que produz um encantamento atravessando décadas. A Filarmônica distribui alegria pelas ruas do Cabo. E como disse o poeta, as dores são esquecidas, pelo menos no momento em que ela toca.

O menino e o povo num reino mágico, só contentamento a cidade respira com sua 15 de Novembro Cabense. É a banda que passa, é a banda que é graça. A poesia flui, enche de emoção o peito do pequenino garoto cabense.

Do livro Uma Declaração de Amor, em parceria com José Ferreira.1985.

Douglas Menezes é membro da Academia Cabense de Letras.

Filarmônica XV de Novembro Cabense em 1927


quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

JOAQUIM NABUCO, UM IDEALISTA


"Para o Inglês, se a liberdade é o grande atributo do homem, se ele a sente como o desenvolvimento da personalidade, a ordem é a verdadeira arquitetura social. Ele compreende e penetra a grandeza do sistema que se perpetua mais do que a das revoluções, ao contrário do latino, que pode viver e ser feliz em um solo político oscilante sujeito aos terremotos contínuos. Daí para ele o amor à lei e a simpatia, interesse, carinho mesmo, pela autoridade encarregada de executá – la, daí; também o prestigio do juiz, a popularidade das sentenças que aterrorizam o criminoso, ao contrário das facilidades que este encontra nos países onde decai o instinto de conservação."

“(...) que não tocasse na natureza, que respeitasse o intrincado, o selvático, o inesperado de tudo aquilo, porque aquela desordem era infinitamente superior ao que a arte pudesse tentar... Ele achava a mais pobre e árida natureza mais bela do que os jardins de Salústio ou de Luiz XIV.” (Nabuco, 2004, p. 183).

“(...) o nosso interesse pelas coisas públicas é tanto menor quanto mais de perto nos concerne. (...) Os negócios do município nos interessarão a todos menos que os da Província, os da Província, menos do que o da Política em geral” (Nabuco, 2004, p. 180).

“Demais, eu me convenci de que os partidos, os homens, as instituições rivais em uma mesma sociedade hão de ter o mesmo nível, como líquidos em vasos que se comunicam; de que o pessoal político é um só, os idealistas, os ultras, de cada lado sendo imperceptíveis minorias; por último, de minha inaptidão para lidar com o elemento pessoal, de que dependem em política quase todos os resultados... ” (Nabuco, 2004, p. 188).

(Araújo de, Joaquim Aurélio Barreto Nabuco, Minha Formação – Editora Martin Claret. Ed. 2004. São Paulo.)

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

MAÇONARIA NA INCONFIDÊNCIA MINEIRA

Muito se tem falado sobre a participação da Maçonaria no movimento pela independência do Brasil, a Inconfidência Mineira. Pesquisadores e historiadores têm-se baseado em documentos oficiais, assim como algumas obras de autores conceituados, brasileiros e portugueses.
Alguns historiadores, principalmente aqueles que se especializaram na história do Brasil, insistem em ignorar a influência da Maçonaria no Movimento Mineiro. Na verdade a Maçonaria contribuiu significativamente não só com o movimento de Minas, mas em todos os capítulos que culminaram com a nossa independência. Como tenho citado, na época do movimento, a maçonaria era uma sociedade secreta e clandestina, não admitida em território brasileiro, assim como na Metrópole.
As Lojas Maçônicas eram proibidas de funcionar e seus membros perseguidos e presos pelo crime de pertencer a tal ordem. Já naquela época existia o jeito brasileiro de resolver as coisas, ou seja jeito de dar legalidade à coisas proibidas.
Partindo de Tomaz Antônio Gonzaga e José Álvares Maciel, as iniciativas para arregimentação de adeptos à causa, contou com a fundação de Lojas em Minas, Rio de Janeiro e São Paulo, onde se faziam reuniões e traçavam-se planos para a rebelião. Naturalmente essas lojas, apesar de reunir somente maçons não tinham título de Lojas Maçônicas. Eram sociedades Literárias. Academias, Aerópagos e Arcádias Literárias, como afirmado no livro do historiador Antonio Augusto de Aguiar - A Vida do Marques de Barbacena - página 7: "organizou Álvares Maciel sociedades em Minas Rio de Janeiro e São Paulo, com intuito de por meio delas fazer a propaganda das idéias e preparar elementos, que na hora oportuna, fizessem a revolução".

E confirmado pelo também historiador Gustavo Barroso em uma das suas obras: "Em Vila Rica, sede do governo da capitania, havia uma roda de homens cultos, participantes de uma arcádia literária, a qual facilmente se tornaria o centro diretor de qualquer momento de idéias a se objetivar em ação. Tornou-se com efeito, e envolto em tanto mistério, que mal sabiam os conjurados do que nele se tratava, nem ao certo as pessoas que se compunha".
Já nos preparatórios para a independência, vários fatos, de importância significativa, foram planejados e levados a efeito pela Maçonaria, como o FICO a criação dos Conselho dos Procuradores , o Juramento da Constituição. Movimentos estes que tiveram à frente Joaquim Gonçalves Ledo e seu grupo. Não obstante, vários historiadores têm afirmado a incontestável presença da Maçonaria na nossa Independência.

 
A INCONFIDÊNCIA MINEIRA Desde os primórdios de nossa história, constatamos a insatisfação do nosso povo com o jugo português. A exploração do homem levada pela cobiça insaciável de Portugal que tinha o nosso território como uma mina, de onde se extraia todas as riquezas que eram transportadas para a Metrópole.
Muito se falava em independência naquela época. Falava. Nada se escrevia. Não se pode negar que a nossa independência teve a sua origem no movimento iniciado no arraial do Tijuco - hoje Diamantina - que rapidamente se ramificou em todo território brasileiro.
Posteriormente alcançou seu ponto alto de realização em Vila Rica - hoje Ouro Preto - que na época era a sede da Capitania de Minas Gerais. A Inconfidência Mineira à qual só foi dada importância quando descoberta, foi, sem nenhuma dúvida, o movimento libertador do Brasil e desopressor mineiros tão explorados e extorquidos pelos portugueses.

Foi um movimento com idéias importadas da França, onde alguns jovens brasileiros completavam seus estudos, principalmente na universidade de Montpellier, onde tinham o primeiro contato com a Maçonaria. Nas centenas de Lojas em território francês, era pregado a Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Nessas Lojas planejou-se a Revolução Francesa e discutiu-se amplamente a libertação dos mineiros e do Brasil. Tenónio D'Albuquerque, historiador mineiro, em uma das suas obras, menciona: "Não é apenas infantilidade e sim estultice, e sim obstinação ocorrente de fanatismo, negar-se a reconhecer na INCONFIDÊNCIA MINEIRA, um empreendimento maçônico.
É bastante atentar-se na sua bandeira, nos seus objetivos: LIBERDADE, IGUALDADE, pela educação do homem com a criação de sua universidade, e fraternidade pela união dos brasileiros em termos de um ideal supremo: a constituição de um pátria livre." E, na formação desse movimento é imprescindível citar a liderança de maçons, tais como: Álvares Maciel, Domingos Vidal Barbosa, José Joaquim da Maia,e outros mais, que se iniciaram na maçonaria, na Europa. José Álvares Maciel, Maçom iniciado na Europa, é considerado por todos os estudiosos o intelectual da Inconfidência Mineira.
Álvares Maciel. Álvares Maciel, nascido em VILA RICA, filho do guarda - mór da sede da capitania de Minas Gerais e de mãe mineira nascida em MARIANA, cursou a universidade de Montpellier então poderoso centro da irradiação da MAÇONARIA, onde deve ter ingressado na ordem maçônica a menos que já houvesse assim procedido em Coimbra, como ocorrera com outros estudantes brasileiros. Homem culto e idealista aceitou e cultivou imediatamente o princípio de Liberdade, Igualdade e Fraternidade da Maçonaria.
Desde lá pensava ele na emancipação da sua pátria distante onde não havia Liberdade e predominava a escravidão e a exploração pelos portugueses contra o preceito de Liberdade, bem como na existência de justiça e onde a FRATERNIDADE não era praticada, haja visto os suplícios impostos aos brasileiros. Com o desejo de ver a pátria livre, retorna Álvares Maciel ao Brasil, após empreender longas viagens e vários contatos com outros maçons como o venezuelano Francisco Miranda, maçom exemplar que havia contribuído com a independência de países latino-americanos, através da Loja Grande Reunião americana, por ele fundada em Londres. E escreve historiador JOAQUIM NORBERTO na sua obra: "História da Conjuração Mineira" - volume 1 - Página 81: " Vinha o jovem Maciel de países livres, onde adquiria instrução e onde fora iniciado nos mistérios da MAÇONARIA".
Após seu regresso, juntamente com estudantes brasileiros que também retornavam, empolgados pela ação humanitária e fraternal desenvolvida pela MAÇONARIA na Europa, no sentido de assegurar os direitos que dignificam o homem e na defesa da liberdade dos povos, cresce e se fortifica o movimento que mais tarde levou o nome de INCONFIDÊNCIA MINEIRA.
No retorno de ÁLVARES MACIEL ao Brasil, ocorreu para a felicidade e consumação do sonho de LIBERDADE o "encontro da intelectualidade com a bravura" - os ideais do homem culto e idealista com o caráter forte e exaltado do miliciano que conhecia o verdadeiro significado da palavra Liberdade e converteu-se num seu soldado fervoroso - o alferes JOAQUIM José da Silva Xavier - O TIRADENTES. Já que seus ideais eram idênticos, - um Brasil livre da escravidão, governado pelo seu próprio povo que faria suas próprias leis - estava concluída a principal fase da Inconfidência, conforme afirma o historiador Gustavo Barroso: "no Rio de Janeiro, TIRADENTES pusera-se em contato com um moço mineiro que regressava formado da Europa, o Dr. José Álvares Maciel, o qual segundo o depoimento de Domingos Vidal, estivera na Inglaterra, buscando apoio para o levante de Minas gerais." A partir daí, novos adeptos foram surgindo e as suas idéias foram disseminadas nas sedes das principais Capitanias.
Paralelamente aos acontecimentos que se desenvolviam no âmbito secreto das "sociedades" criadas por Álvares Maciel, caminhava Joaquim José da Silva Xavier - Tiradentes, com sua pregação cívica em prol da Liberdade. Homem simples, em comparação com aqueles que tiveram a oportunidade de estender seus conhecimentos nas universidades da Europa, nascido numa fazenda de Pombal entre São José (hoje Tiradentes) e São João Del Rei, Minas Gerais.
O jovem Tiradentes não fez estudos regulares, aprendendo as primeiras letras com seu irmão Domingos. Órfão aos 11 anos, ganhou o mundo: foi mascate, minerador e dentista prático, Aliás, sua alcunha adveio na habilidade com que manejava o boticão e como diz um historiador, que o fazia "com a mais sutil ligeireza e ornava a boca de novos dentes, feitos por ele mesmo, que pareciam naturais".
Daí a sua popularidade que se estendeu até o Rio de Janeiro. Tendo ingressado na vida militar - pertenceu ao regimento de Dragões de Minas Gerais - o que lhe permitiu conhecer palmo a palmo todo o território da capitania e já no posto de Alferes como comandante de patrulhas, mostrou-se sempre um bravo e destemido miliciano, desempenhando missões difíceis, que lhe valeram elogios do governador.

Entretanto a bravura e o destemor sempre demonstrados pelos "alferes", corriam pelo ar os pensamentos sólidos e alicerçados de Tiradentes, que com seu conhecimento do verdadeiro significado da palavra LIBERDADE, não se furtava em proclamá-lo, não só no território da capitania, mas também fora dele. Obviamente, que o procedimento de Tiradentes, como miliciano que era, aos olhos da coroa, não eram bem vistos e ainda mais, por estar participando das sociedades secretas então já existentes, valendo-lhe em conseqüência, perseguições como suspensão do soldo, preterição nas promoções e outras, culminando com seu deslizamento das milícias mineiras.
Sim, nenhuma dúvida pode restar, de que as sociedades secretas das quais participava Joaquim José da Silva Xavier, nada mais eram que a maçonaria. Portanto, Tiradentes havia ingressado nos mistérios da maçonaria e conseqüentemente era Maçom.
Aliás, vale a pena citar a esse respeito o que disse o historiador Joaquim Norberto em sua obra "História da Conjuração Mineira" - Tomo l - Página 96: "No dia 28 de agosto de 1.788 apresentou-se o alferes Joaquim José da Silva Xavier ao comandante do seu regimento, para dar parte de doente, pois com efeito chegara enfermo a Vila Rica.
Reteve-o a sua enfermidade em casa pelo espaço de três meses, suspenderam-lhe o soldo e teve ele que recorrer ao empenho da amizade que contraíra na cidade do Rio de Janeiro com o Dr. José Álvares Maciel. Era este jovem parente do tenente-coronel de seu regimento - Francisco de Paula Freire de Andrade e foi fácil obter o que desejava o pobre alferes. Renovou Tiradentes a prática que tivera com o Dr. Álvares Maciel na cidade do Rio de janeiro e conseguiu ser, por intermédio da sua pessoa, iniciada nos mistérios da conjuração, que desde muito tempo se tramava em Vila Rica".

Segundo alguns renomados historiadores, dentre os quais Tenório D'Albuquerque, possivelmente Tiradentes ingressara na maçonaria através de José Álvares Maciel, outros, contudo, admitem que José Joaquim da Silva Xavier, quando mascate se fez maçon na Bahia, numa das suas muitas viagens àquela localidade. Tudo faz crer que tenha sido iniciado em Minas, isso não é relevante, Bahia, Rio de Janeiro ou em Minas Gerais, não importa.
O que importa, neste momento é afirmar que Tiradentes foi maçon convicto e entusiasta, o que demonstrou nas suas andanças e na pregação das doutrinas maçônicas que se identificam com a Liberdade. É de se louvar o comportamento e o trabalho do destemido Maçom Tiradentes, arriscando a vida com sua pregação de Liberdade.
Participou de várias Lojas Maçônicas em Minas Gerais, com o apoio resoluto da maioria das populações, que viam na maçonaria, intransigente defensora da Liberdade, da dignidade, dos direitos do homem, um meio para reagir contra os desmandos dos prepotentes e contra as arbitrariedades daqueles que desonravam o poder.
O fracasso do movimento Inconfidência Mineira, que tinha como principal objetivo gerado pelo descontentamento e pela forma abusiva com que Portugal explorava as minas da capitania, bem como a delação pelo traidor Joaquim Silvério dos Reis, é por todos conhecido através da história. Tiradentes foi preso no Rio de Janeiro a 10 de maio de 1.789 enquanto que em Minas Gerais, eram feitas prisões de todos os envolvidos no movimento. Iniciaram-se os trabalhos da devassa, que se arrastariam por longos anos e enquanto os demais integrantes da inconfidência mineira também presos, tratavam de se defender, muitos até mesmo negando responsabilidades com o movimento, Tiradentes as assumia integralmente, com silenciosa e serena bravura.
Não constou em nenhum auto nenhuma delação por parte do Alferes ou revelação dos nomes dos seus amigos de causa. Finalmente a 18/04/1792, foi prolatada a primeira sentença, condenando a morte por enforcamento a Tiradentes e mais 10 integrantes do movimento. No dia seguinte, ou seja, em 19/04/1.792 na cadeia publica, foi lida a sentença que o declarava único culpado da sedição, quando Tiradentes ouviu sem pestanejar, a sua condenação.

Após a leitura da sentença foi tornada pública a Carta-Régia, conservada em sigilo, segundo a qual D. Maria l deferia ao tribunal o poder de comutar a pena capital pela pena de degredo e por nova sentença de 20/04/1792, entenderiam os juizes que só não deveria ser poupado o "enfame réu" Joaquim José da Silva Xavier, considerado "indigno da real piedade".
A 21 de abril, com o aparato de costume naquela época, executou-se a infamante e absurda sentença, marchando Tiradentes para o sacrifício, sem que se alterasse a placidez do seu rosto e sofreu o martírio como um apóstolo da sacrossanta causa da liberdade e da redenção do Brasil. Enforcado e depois de morto, teve a cabeça cortada e levada a Vila Rica, onde em local mais concorrido, foi colocada sobre um poste, seu corpo esquartejado foi espalhado pelos caminhos de Minas em várias povoações até consumir-se totalmente, declarados infames seus filhos e seus netos, a casa em que vivia em Vila Rica, totalmente arrasada e na qual foi semeado sal, para que nunca mais se edificasse em seu solo, tudo em cumprimento a terrível condenação que lhe foi imposta.
Foi, portanto, Tiradentes, ao proceder maçonicamente e assumindo a heróica atitude que o levou a sofrer morte horrível e infamante, sem sombra de dúvidas, o primeiro Mártir maçon brasileiro publicamente conhecido a dar sua vida pela causa da liberdade da sua pátria.
Nêodo Ambrósio de Castro, M.'.M.'. - ARLS Benso di Cavour nº 28, Juiz de Fora - MG / Brasil

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

BOAS FESTAS NO RECIFE

Feliz festas em Recife Com os verdes ramos da ARRUDA e as lindas flores do CAJUEIRO colhidas na VÁRZEA... Desejamos Esperança para todos os que se encontram AFLITOS, e consolo no Amor de Deus ao repicar dos sinos na TORRE anunciando a celebração do Natal! Para as famílias desejamos uma linda CASA AMARELA no CAMPO GRANDE ou, no SÍTIO DOS PINTOS com uma BOA VISTA das montanhas e do PRADO. Um gracioso regato de ÁGUA FRIA correndo em seu quintal, e que também seja uma CASA FORTE como as do Recife Antigo. Que jamais estejamos AFOGADOS em nossas angústias, nem atolados no BARRO lodoso de nossos conflitos, mas que sempre tenhamos a convicção inabalada de MADALENA, para tomarmos a decisão correta na ENCRUZILHADA de nossas vidas e a devida cautela no ESPINHEIRO das nossas dúvidas. Aos que partem, BOA VIAGEM, aos que chegam, a alegria de podermos compartilhar juntos uma NOVA DESCOBERTA nessa aventura da vida, como verdadeiramente DOIS IRMÃOS, após um merecido descanso nas AREIAS brancas à sombra de uma JAQUEIRA ou de um frondosa TAMARINEIRA. Decrete-se, pois, a Felicidade do ALTO DO CÉU já, para que estejamos sempre jubilosos nas GRAÇAS de Deus, com a Fé inabalável no imenso Amor do CORDEIRO. PERNAMBUCANAMENTE QUE TODOS OS RECIFENCES E BRASILEIROS TENHAM MUITA PAZ!!! QUE O BRASIL SEJA UMA PÁTRIA MELHOR PARA TODOS!!!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

AS OBRAS DE SANTO AGOSTINHO


O Centro Cultural Casa da Memória acaba de receber uma valiosa doação do Dr. Ayrton Cardoso, Diretor-Presidente do Grupo SISA / SHOPPING COSTA DOURADA: Dezessete Livros escritos por Santo Agostinho, o maior intelectual da Igreja Católica. São Obras raras e que em breve estarão disponíveis para leitura e consulta da população. O Shopping Costa Dourada vem abrindo importante espaço para a cultura e este ano já aconteceram ali a Exposição fotográfica "UMA CIDADE DE TANTAS HISTÓRIAS", a Exposição do artista plástico LUZARCUS, lançamento do Livro "MARQUÊS DO RECIFE - O MORGADO DO CABO, abrigou reunião especial da ACADEMIA CABENSE DE LETRAS e agora faz a doação das importantes Obras de Santo Agostinho ao Centro Cultural Casa da Memória. Em Janeiro próximo, deverá acontecer no Shopping Costa Dourada o evento SENTIMENTOS POEMADOS, realização de Antonino Oliveira Júnior, com apoio do Shopping e da Academia Cabense de Letras.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

REVOLTADO

Filarmônica XV de Novembro Cabense (1927) - Theo Silva é o segundo, em pé, da esquerda para a direita. Um mulato adolescente.


REVOLTADO
Theo Silva
(1941)
  
Olhando a vida, indiferente a tudo,
Eu vou viver d’agora por diante,
Como um cipreste solitário e mudo
À margem de um riacho soluçante.

Como um grito perdido, bem distante,
Perdido na amplidão do mundo afora,
Eu quero ser de tudo ignorante
E em nada mais acreditar agora.

Viver assim com toda indiferença.
Um pálido sorriso de descrença
Para quem me falar em piedade.

Pois se a vitória da vida é o desdém,
Esse punhal eu saberei também
Cravar no coração da humanidade.

*Theo Silva é um dos Patronos da Academia Cabense de Letras

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

IVAN MARINHO CONSOLIDA NOME NA LITERATURA PERNAMBUCANA


IVAN MARINHO (à esquerda na foto) alagoano de nascimento e cidadão cabense por méritos, está cada vez mais consolidando seu nome no universo literário de Pernambuco. Ainda que tenha ganho concursos nacionais, é em Pernambuco que Ivan Marinho se afirma como um poeta de qualidade indiscutível, circulando seu nome nas rodas da elite poética do Estado.

Nestes dois anos alguns poemas de sua autoria foram contemplados em quatro coletâneas, duas a nivel nacional e duas no estado de Pernambuco.

Primeiro foi o poema Fragmento do Acaso que, após ser selecionado entre os vinte que comporiam a coletânea Solano Trindade do SINTEPE (Sindicato do Trabalhadores em educação de Pernambuco) no ano de 2009, foi selecionado também para Antologia di I Concurso de Poesia Amigos do Livro/ Flipoços (Poços de Caldas - SP) entre 3450 inscritos, figurando entre os quarenta.

Este ano, o poema PROFESSOR EM PERNAMBUCO ficou entre os selecionados para a coletânea do SINTEPE 2010 e os poemas Fragmento do Acaso, Alberto da Cunha Melo e Poesia IV compuseram a antologia PERNAMBUCO, TERRA DA POESIA da Carpe Diem Edições e Produções, organizada por Antônio Campos e Cláudia Cordeiro, Lançado na FLIPORTO 2010, onde se reune poemas de pernambucanos ou imigrantes fixados em Pernambuco desde o século XVI, como Bento Teixeira, de 1550. O livro tem 757 páginas e reune, entre outros, poetas como Carlos Pena Filho, Manuel Bandeira, Ascenso Ferreira, Alberto da Cunha Melo, Jaci Bezerra, Marcus Accioly, Ângelo Monteiro... e o alagoano e cidadão cabense.
POESIA IV foi um dos poemas laureados:


POESIA IV

Ivan Marinho

E se me disponho entre o azul e o tempo
É porque não a tenho e ainda procuro,
Contando dias, horas e minutos
Como quem marca a vida na parede.

Com braços abertos tu me aguardas
E teus olhos me fitam piedosos
E, no instante, dás-me a eternidade
E a certeza de que estás à frente.

Flores que te vestem de perfume.
Águas que derramam teus cabelos.
Passos incontáveis e a distância
Dos lábios abertos para mim.

Quanto mais desejo, menos quero:

Antinomia entre se ter ou ser
Pois, se tenho a ti, o vôo toma as asas
Mas, se sou teu, tu pousarás em mim
Tornando cinzas o que eram brasas.

Ivan Marinho é membro da Academia Cabense de Letras.