terça-feira, 31 de agosto de 2010

UM POUCO DE GABRIEL DOURADO


UM CANTO EM SURDINA

Gabriel Dourado

Cidade de minha infância,
Dos meus sonhos de rapaz,
Dos meus primeiros amores

-dize-me agora,
Aonde vais?

Cidade quase sem ruas,
Apertadinhas demais,
Cidade das boemias,
Dos verdes canaviais
(como aquelas...nunca mais!)

Terra do meu romantismo,
Dos engenhos patriarcais,
Do São João de seu Zumba,
Das loas de Inácio Pais,
Das glosas de Mergulhão,
Chico Taboca e Caju,
De seu “Vigário sem crôa”,
Dos coqueiros de Gaibu.

Cidade das serenatas,
Das cantigas ao luar,
Cidade de tanta história
Sem nenhuma prá contar...

Cidade da minha infância,
Dos verdes canaviais
-Minha cidade querida,
Dize-me agora,
Aonde vais?

MEU CAMBUCÁ
Gabriel Dourado

Eu não sonho palácios agressivos,
De colunatas de oiro
De repuxos multicores,
De frisos cintilantes
E mármores nervosos,
Nem grandeza loira de moeda esterlinas,
Nem a glória de ser grande pela vida!

Quero ser simples,
Vivo imaginando uma vida interior,
Uma existência calma,
Despreocupadamente assim,

Numa casinha,
Toda bonitinha,
Toda caiadinha,
Onde existam palmeiras no terreiro
E verbenas florindo no jardim.

Eu quero, meu amor,
Para o futuro,
Ver-te assim
Como um cambucá maduro,
Aromado e saboroso,
Bem pertinho de mim...
1939

DEZ ANOS DEPOIS
Gabriel Dourado

Vem! Dá-me a tua mão. Vamos andar
Por estas alamedas inclinadas.
Ah! Como é bom a gente recordar
Enternecido, as emoções passadas.

Aqui, repara, andamos de mãos dadas,
Tranqüilos, pensativos a sonhar.
Que saudade das nossas caminhadas,
Do teu lenço, de longe, a me acenar...

Rosas, boninas, musgos, trepadeiras,
O mesmo quadro antigo, benfasejo,
A ponte, um rio de altas ribanceiras.

Fecho os olhos, relembro a tua fala,
“a carícia emotiva do teu beijo”,
Teu vestido de renda, cor de opala...
1949

ROMANTISMO
Gabriel Dourado

Num tranqüilo subúrbio da cidade,
Floriu nossa casinha iluminada,
Casa de gente cheia de humildade,
Onde pões tua graça, Flor amada!

Por dentro vivem tuas mãos de fada
Na ternura das coisas. Sem vaidade,
Vais me dando estes cantos de alvorada,
Em vinte anos de angélica bondade.

A casa fica bem numa travessa,
Entre árvores e flores, e mais essa
Harmonia por todos nós sonhada.

Cantando andei por todo esse caminho,
Vivi meu sonho e não vivi sozinho,
Segui teus passos, sem querer mais nada.
1959

GABRIEL DOURADO nasceu na Cidade do Cabo. Era formado em Odontologia, foi casado e pai de cinco filhos. Teve intensa vida intelectual e foi um dos fundadores do Grêmio Literário Cabense, entidade que marcou época na cidade e, pode-se dizer, foi o embrião da Academia Cabense de Letras. Escreveu poemas e sonetos importantes e teve em UM CANTO EM SURDINA o seu mais famoso trabalho literário. Como das outras vezes, estamos oferecendo aos nossos leitores a oportunidade de conhecer de perto um dos grandes poetas e intelectuais do passado de nossa cidade.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

SEXTA DE LETRAS


Será nesta sexta-feira, dia 6 de agosto, às 19 horas, o lançamento do Projeto "SEXTA DE LETRAS", da Academia Cabense de Letras. O evento acontece na Câmara de Vereadores do Cabo e se repetirá toda primeira sexta-feira de cada mês.


O Projeto abre as portas das reuniões da Academia, possibilitando à população conhecer as reuniões dos acadêmicos. Na primeira sexta, dia 6 de agosto, haverá palestra do Acadêmico Nelino Azevedo, sobre "A Educação Libertadora de Paulo Freire" e um debate entre os acadêmicos e um espaço que será dedicado à participação do público.

A programação até Dezembro de 2010 é a seguinte:

6 de agosto: A EDUCAÇÃO LIBERTADORA DE PAULO FREIRE (Nelino Azevedo)

3 de setembro: A OBRA DE GRACILIANO RAMOS (Douglas Menezes)

1 de Outubro: JOSUÉ DE CASTRO E A GEOGRAFIA DA FOME (Frederico Menezes)

5 de Novembro: A OBRA DE PAULO CULTURA (Natanael Lima Júnior)

3 de Dezembro: ESPERANTO LÍNGUA INTERNACIONAL (Vera Rocha.

terça-feira, 3 de agosto de 2010