sexta-feira, 26 de novembro de 2010

REVOLTADO

Filarmônica XV de Novembro Cabense (1927) - Theo Silva é o segundo, em pé, da esquerda para a direita. Um mulato adolescente.


REVOLTADO
Theo Silva
(1941)
  
Olhando a vida, indiferente a tudo,
Eu vou viver d’agora por diante,
Como um cipreste solitário e mudo
À margem de um riacho soluçante.

Como um grito perdido, bem distante,
Perdido na amplidão do mundo afora,
Eu quero ser de tudo ignorante
E em nada mais acreditar agora.

Viver assim com toda indiferença.
Um pálido sorriso de descrença
Para quem me falar em piedade.

Pois se a vitória da vida é o desdém,
Esse punhal eu saberei também
Cravar no coração da humanidade.

*Theo Silva é um dos Patronos da Academia Cabense de Letras

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

IVAN MARINHO CONSOLIDA NOME NA LITERATURA PERNAMBUCANA


IVAN MARINHO (à esquerda na foto) alagoano de nascimento e cidadão cabense por méritos, está cada vez mais consolidando seu nome no universo literário de Pernambuco. Ainda que tenha ganho concursos nacionais, é em Pernambuco que Ivan Marinho se afirma como um poeta de qualidade indiscutível, circulando seu nome nas rodas da elite poética do Estado.

Nestes dois anos alguns poemas de sua autoria foram contemplados em quatro coletâneas, duas a nivel nacional e duas no estado de Pernambuco.

Primeiro foi o poema Fragmento do Acaso que, após ser selecionado entre os vinte que comporiam a coletânea Solano Trindade do SINTEPE (Sindicato do Trabalhadores em educação de Pernambuco) no ano de 2009, foi selecionado também para Antologia di I Concurso de Poesia Amigos do Livro/ Flipoços (Poços de Caldas - SP) entre 3450 inscritos, figurando entre os quarenta.

Este ano, o poema PROFESSOR EM PERNAMBUCO ficou entre os selecionados para a coletânea do SINTEPE 2010 e os poemas Fragmento do Acaso, Alberto da Cunha Melo e Poesia IV compuseram a antologia PERNAMBUCO, TERRA DA POESIA da Carpe Diem Edições e Produções, organizada por Antônio Campos e Cláudia Cordeiro, Lançado na FLIPORTO 2010, onde se reune poemas de pernambucanos ou imigrantes fixados em Pernambuco desde o século XVI, como Bento Teixeira, de 1550. O livro tem 757 páginas e reune, entre outros, poetas como Carlos Pena Filho, Manuel Bandeira, Ascenso Ferreira, Alberto da Cunha Melo, Jaci Bezerra, Marcus Accioly, Ângelo Monteiro... e o alagoano e cidadão cabense.
POESIA IV foi um dos poemas laureados:


POESIA IV

Ivan Marinho

E se me disponho entre o azul e o tempo
É porque não a tenho e ainda procuro,
Contando dias, horas e minutos
Como quem marca a vida na parede.

Com braços abertos tu me aguardas
E teus olhos me fitam piedosos
E, no instante, dás-me a eternidade
E a certeza de que estás à frente.

Flores que te vestem de perfume.
Águas que derramam teus cabelos.
Passos incontáveis e a distância
Dos lábios abertos para mim.

Quanto mais desejo, menos quero:

Antinomia entre se ter ou ser
Pois, se tenho a ti, o vôo toma as asas
Mas, se sou teu, tu pousarás em mim
Tornando cinzas o que eram brasas.

Ivan Marinho é membro da Academia Cabense de Letras.

LANÇAMENTO DO LIVRO IGREJA X MAÇONARIA

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

MOURA DO PORTAL, TEU LEGADO FOI LEGAL



A cidade do Cabo vem compondo-se a cada dia num novo cenário demográfico

Econômico e cultural. Recebemos famílias inteiras, homens trabalhadores atraídos por um oásis industrial. Boas ou não, todas as oportunidades de empregos, a verdade é que viramos uma verdadeira ímã. Brasileiros de diversas regiões são atraídos em busca da felicidade e do mínimo de conforto e estabilidade.

São novos sotaques, crenças e valores se incorporando ao que chamaremos dentro em breve de o novo Cabo de Santo Agostinho.

Moura foi um desses “imigrantes” que aqui aportou. Paulista, instalou-se como micro empresário no Loteamento Cidade Garapu e logo deixou claro que aqui chegou para fazer trocas. Não apenas a do seu suor pelas grades e janelas que majestosamente, no ofício de ferrreiro, confeccionava, mas como cidadão que compreende seu papel logo quando chega ao mundo, esteja onde estiver, como são os de consciência cosmopolita. Como são os que têm clareza de suas missões.

O vi, o li e o acompanhei em alguns momentos. Sou testemunha do seu compromisso com lutas em defesa dos que mais precisam, e que as vezes apenas precisam apenas de uma voz. Moura foi em muitas ocasiões essa voz que denunciou atos e comportamentos que feriram a vida em seus valores materiais e espirituais. E foi além, participava e se entregava de corpo e alma.

Moura tinha a curiosidade de uma criança, a energia de um adolescente, a sagacidade de um adulto e a serenidade de um idoso, que o fez impar, polêmico, corajoso, denunciante, questionador...

Ele foi um desses novos filhos que enxergou nossa cidade como mulher, como mãe, como Santa Maria de La Consolácion, que merece respeito, defesa e proteção. Agora, entregou seu corpo a nossa terra e sua alma para Deus, sem vácuo, pois que seu legado deixa um exemplo de amor por uma cidade que também aprendeu a amá-lo.

Até breve Moura.

Jairo Lima é membro da Academia Cabense de Letras