quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

GRANITO DO CABO DE SANTO AGOSTINHO

GEOLOGIA DO GRANITO DO CABO
Há cerca de 102 milhões de anos, a região do Cabo de Santo Agostinho era palco de um intenso magmatismo que deu origem a rochas como traquitos, riolitos, ignimbritos, basaltos e o próprio Granito do Cabo. Essa intensa atividade magmática deixou uma vasta exposição de rochas objeto de inúmeras pesquisas geocientíficas na região. Com relação ao Granito do Cabo, suas rochas podem ser individualizadas em duas fácies a partir de seus aspectos texturais. A principal fácies, dominante no corpo, apresenta-se textura média a grossa, com cor cinza esbranquiçada a rósea. A segunda fácies é representada por autólitos de microgranitos, estes ocorrendo com textura fina e cor cinza, de formas irregulares, sendo mais abundantes na região de talus junto à praia. Em ambas as fácies são identificadas cavidades miarolíticas com diâmetros variando de 0,2 a 0,5 cm, contendo cristais de quartzo bipiramidal e turmalina. A presença dessas cavidades atesta o alojamento do granito a pouca profundidade. A composição modal e as texturas dessas rochas são bastante homogêneas, em acordo com seus aspectos macroscópicos. Predominam rochas hololeucocráticas, de composição álcali-feldspato granítica e textura equigranular. A mineralogia essencial é representada por feldspatos (ortoclásio e plagioclásio) e quartzo. O mineral máfico principal é o anfibólio, ocorrendo ainda como acessórios opacos, alanita, fluorita, apatita, zircão; além de biotita, epídoto e carbonato como secundários. Uma feição marcante é a presença de textura granofírica formada por intercrescimento simultâneo de quartzo e K-feldspato, corroborando com o posicionamento hipabissal deste granito. Algumas amostras de borda do corpo, mesmo sem marca de intemperismo, mostram alterações marcantes nos feldspatos. Os autólitos de microgranito encontrados no Granito do Cabo apresentam mineralogia idêntica a fácies principal do granito.
Ao redor do corpo granítico ocorrem belíssimas praias com destaque para as de Gaibu, Calhetas, Paraíso e Suape. A Praia de Gaibu é uma das mais badaladas do litoral sul pernambucano. Uma das atrações principais é escalar o granito para apreciar um belo visual do mar e para conhecer a Praia de Calhetas. Esta última encontra-se encravada entre rochas do granito e coqueirais. Esta pequena baía é considerada uma das mais belas praias do Brasil sendo procurada para pesca submarina e mergulho. A Praia de Paraíso é a menor da região, com fragmentos de rochas do granito na areia e no mar, tornando a paisagem ainda mais bela. É imperdível observar a paisagem de toda a baía de Suape dos diversos mirantes no local. Por fim, a Praia de Suape mostra águas cristalinas e mornas, sendo o mar pouco profundo e sem ondas, propício para banhos e excelente para os esportes náuticos.
BIBLIOGRAFIAS 1. Geology along the Pernambuco coast south of Recife. Geol. Soc. Amer. Bull., Washington, volume 13, páginas 58-92. Escrito por John Casper Branner, 1902. 2. Prefeitura Municipal do Cabo de Santo Agostinho. Formação Histórica e Geográfica do Cabo. Cabo de Santo Agostinho: Departamento de Estudos Sociais, Secretaria de Educação, 1988. 3. A bacia costeira de Pernambuco. Publicado no Simpósio Nacional de Estudos Tectônicos como Roteiro de Excursão por Mário Ferreira Lima Filho em Recife/PE, 2001. 4. Catálogo Cultural do Cabo de Santo Agostinho - 502 Anos - Ruínas e Monumentos. Organizador: Marcos Ferreira de Moraes, 2002. 5. Guia & Mapa Turísico do Cabo de Santo Agostinho. Prefeitura Municipal do Cabo de Santo Agostinho, 2002. 6. Geologia, Geocronologia, Geoquímica e Petrogênese das Rochas Ígneas Cretácicas da Província Magmática do Cabo e suas Relações com as Unidades Sedimentares da Bacia de Pernambuco (NE do Brasil). Tese de Doutorado, Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 233p. Elaborada por Marcos Antonio L. do Nascimento, 2003. SITES NA INTERNET Exército Brasileiro = http://www.exercito.gov.br/05Notici/VO/174/cbagosti.htm Cidade do Cabo de Santo Agostinho = http://www.cabo.pe.gov.br Diário de Pernambuco = http://www.pernambuco.com/turismo/cabo.html Patrimônio de Pernambuco = http://www.patrimoniope.arq.br/rmr/cabo/cabo.htm Hotel Canarius = http://www.hotelcanarius.com.br/gaibu/turismo_local.htm REFERÊNCIA DESTE TRABALHO Nascimento M.A.L. 2004. Geologia, História e Turismo da região do Granito do Cabo de Santo Agostinho, Pernambuco, NE do Brasil. www. geobrasil.net/geobrasil.htm, excursões virtuais, 6p.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

HÁ 32 ANOS

Não é fácil esquecer o dia 8 de setembro de 1977. Cansados de produzir sem ter apoio do governo municipal, os atores e técnicos da arte cênica do município do Cabo decidiram por abrir a boca e denunciar o descaso. Eram os anos de chumbo da ditadura militar, governando o Brasil com autoritarismo e mão-de-ferro. O medo era a tônica em todos os recantos do país, mas a arte era um dos focos importantes da resistência democrática. E aqui, no Cabo, essa resistência era muito forte, pelo próprio contexto do município, uma célula do esquerdismo e das oposições ao regime. Como era costume na época, os prefeitos da ARENA eram adjuntos, eram braços dos ditadores e perseguiam quem sonhasse em ser diferente. Fazíamos um teatro engajado com as lutas democráticas, com a resistência dos estudantes, ao lado de parte da igreja e de políticos comprometidos. Os Grupos de teatro fundaram a Associação Cabense de Teatro Amador (ACTA), uma entidade que aglutinava e tornava mais forte os ideais dos artistas cabenses. Ninguém agüentava mais o desleixo com a cultura e o descaso com as nossas produções, pois os artistas eram tratados como seres inferiores por eles. Nossa rica produção fazia com que Pernambuco e outros Estados do Nordeste reconhecessem nossos trabalhos: Prostivida, O Santo e a Porca, A Incelença, Os Escravos, Quarto de Empregada, eram algumas das montagens que encantavam o público daqui e de fora. Com a chegada de setembro, a decisão tomada dentro da ACTA: vamos fazer uma passeata (poucos ousavam na época) e denunciar esse descaso através de uma Carta aberta à população. O dia 8 de setembro de 1977 foi escolhido como o Dia D. Logo pela manhã nos reunimos na avenida historiador Pereira da Costa e às 8 horas marchamos para o centro da cidade, distribuindo a Carta Aberta e convocando a população para ser solidária à nossa luta. Em frente à Prefeitura, ocupamos a praça e um banco para fazer, sem som e sem microfone, mas usando técnicas de teatro, um pronunciamento sobre a nossa caminhada de protesto. Incomodado pela ousadia dos jovens cabenses que decidiram fazer das ruas o palco ideal para as lutas contra o autoritarismo tupininquim, o prefeito, que procurava imitar a truculência dos seus “patrões” militares, acionava a polícia para coibir o movimento. Eram dez horas e já estávamos em frente ao prédio onde hoje funciona o teatro Barreto Júnior quando um camburão da polícia civil encostou e os artistas eram jogados dentro do pequeno espaço que servia para amontoar presos. Alguns artistas conseguiram correr, mas 18 deles, dentre os quais falo com orgulho que eu estava, foram presos e levados para a Delegacia local. Foi um dia tenso, com o entra e sai de políticos de oposição e o amontoado de famílias em frente à Delegacia. E todos nós, artistas, trancafiados em celas. 15 homens e 3 mulheres. Bravos jovens, meninas guerreiras, que não recuaram um centímetro sequer de suas convicções, entrando para a história da cidade. Há 32 anos, comecei, também, a olhar de modo diferente para aquela atriz morena, magrinha, ousada. Era Luiza. Enamorados, começamos a percorrer uma bela estrada de amor. Ah...mas isso é outra história. E ela está só começando. Antonino Oliveira Júnior, é escritor, poeta, evangélico da Igreja Batista da Cohab e membro da Academia Cabense de Letras.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817

A Revolução Pernambucana de 1817, que cognamos de Revolução maçônica de Sacerdotes, lutava pela Liberdade, pela dignificação do homem ... Não podia, portanto, ser indiferente à situação dos desgraçados escravos, esbulhados de sua Liberdade, pelos que se diziam civilizados. A Maçonaria, promotora do heróico movimento de 1817, despertar vibrante da consciência dos brasileiros, não podia ficar indiferente à escravidão de milhares de infelizes. Certo, teria de enfrentar tenaz oposição dos senhores de escravos mas não podia prescindir do apoio deles. Cumpria proceder com cautela. Propalaram que a intenção era libertar, em seguida, os escravos. Sem desmentir os seus propósitos, confirmando-os mesmo, os dirigentes do movimento saíram a público e divulgaram a seguinte proclamação. “Patriotas pernambucanos! A suspeita tem se insinuado nos proprietários rurais: eles crêem que a benéfica influência da presente liberal revolução tem por fim a emancipação indistinta dos homens de cor, e escravos. O Governo perdoa uma suspeita que o honra. Nutrido em sentimentos generosos, não pode jamais acreditar que homens, por mais ou menos tostados, degenerassem do original tipo de igualdade; mas está igualmente convencido que a base de toda a sociedade regular é a invioabilidade de qualquer espécie de propriedade. Impelido destas duas forças opostas, deseja uma emancipação que não permita mais lavrar entre eles, o cancro da escravidão; mas deseja-a lenta, regular, legal”. Aí está clara, sem titubeios, um dos objetivos principais da Revolução “.... deseja uma emancipação que não permita mais lavrar entre eles, o cancro da escravidão ...” Houve a afirmação de que havia a intenção de abolir a escravidão. Uma vez mais, a Maçonaria estava, indômita, lutando pela Liberdade do Homem ... Luiz Alves Lacerda – Foi escritor, pesquisador e historiador cabense. É o atual Patrono da Cadeira nº09 da Academia Cabense de Letras.